quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CSM

COLETIVO SOCIALISMO MILITANTE Manifesto de Fundação – 17/10/2009
A fundação do PSOL representou um marco fundamental da esquerda socialista brasileira. Após a primeira amostra do caráter do governo Lula o PSOL formou-se como um refúgio a todos os lutadores que estavam desapontados com o resultado de uma luta de mais de 20 anos que significou apenas uma nova fase de estabilização do capitalismo no Brasil. Mas o projeto original do PSOL não era apenas isso, era também uma possibilidade concreta de realmente se formar um partido que fizesse o balanço do PT e avançasse enquanto um partido revolucionário.
Hoje o PSOL encontra-se em várias encruzilhadas políticas. A prioridade ao espaço institucional, degenerando o partido do ponto de vista programático e no que se refere às alianças políticas (com partidos burgueses, como PV e PSB); a falta de critério partidário, transformando programa e estatuto em letra morta com filiações em massa e sem qualquer compromisso socialista, repetindo o mesmo atalho do PT; o retorno do personalismo, com o “helenismo”, que em nome da manutenção de mandatos repete outro erro do ciclo PT; a hipertrofia dos órgãos de direção, enfraquecendo a base partidária, chamada à consulta apenas em momentos eleitorais e pré-congressuais.
Esses problemas transformam o PSOL em um pólo de desconfiança dos lutadores político mais combativos, pois o partido acaba se isolando dos movimentos sociais privilegiando a via eleitoral – por si mesma legítima, mas não enquanto espaço político prioritário. Ou, de maneira tão negativa quanto, ao invés de se somar ativamente à luta dos movimentos, busca-se criar uma relação eleitoral com eles, convidando suas lideranças a cargos legislativos, capitalizando de modo irresponsável à luta social para a luta eleitoral.
A luta interna do partido freqüentemente reduz-se a um debate que leva em consideração apenas pontos de vista pragmáticos, em uma luta ensandecida por cargos, fazendo balanços políticos dos momentos organizativos a partir dessa lógica, ao invés de se pautar na qualidade do debate político. E se cargos são conquistados, o debate político permanece imobilizado, à exemplo do último Congresso Nacional cuja pauta sequer foi cumprida e as resoluções se pautaram pela modéstia e pelo consenso, que apenas serviu para adiar debates importantes.
Entendemos que se não nos organizarmos em um coletivo que se paute politicamente pela ideia de um partido militante, com instâncias de base (sobretudo núcleos) funcionando, e com uma relação prioritária de construção política com os movimentos sociais, enfraqueceremos o projeto que surgiu em 2003. O Coletivo Socialismo Militante defende que o partido é maior que a soma de todas as suas personalidades e que não deve ficar refém delas. As personalidades devem ser a expressão de um acúmulo partidário, e não um elemento desagregador, como atualmente, quando várias delas conversam informalmente com Marina Silva, à parte do projeto coletivo construído por milhares de militantes.
Entendemos que se não nos organizarmos enquanto coletivo interno ao PSOL seremos esmagados pela lógica de partido de filiados, amorfo por excelência, que garante a hegemonia das tendências majoritárias sob a base da despolitização. Objetivamos ser um pólo de atração militante e socialista, sem tergiversar no debate, e buscando a criação de espaços de militância e de núcleos socialistas.
O projeto revolucionário ao qual queremos ser um dos elementos conscientes não está dado, sequer na perspectiva de médio prazo. No entanto, nisso apenas reside a motivação para o construirmos a partir de agora. A esquerda brasileira, salvo raríssimas exceções, jamais se posicionou claramente favorável a um programa revolucionário, mas sempre em receitas que pretendem mediar-se com estágios capitalistas mais “democráticos”. Nesse sentido, toda a razão a Florestan Fernandes: a burguesia brasileira não permite o mínimo espaço para reformas. Ou nos posicionamos favoravelmente a um projeto revolucionário ou seremos caudatários de mais algum ciclo político ingenuamente “democrático”. O Coletivo Socialismo Militante, portanto, vêm a público declarar-se e fundar-se como um espaço regional legítimo de disputa política do PSOL sob os princípios já enunciados.
Assinam esse manifesto:Nilton José Coelho Neto – Membro da comissão provisória de São José/SC e do Diretório Est. SCl Hernandez Vivan Eichenberger – Membro do Diretório Estadual de SC. Willian Marques Pauli – Militante do PSOL Florianópolis.Osni Valfredo Wagner – Militante do PSOL Blumenau. Bruno Bello – Militante do PSOL Joinville. Kleber Tobler – Militante do PSOL Joinville. Vanessa Costa da Rosa – Militante do PSOL Joinville. Marcos Antônio de Campos – Militante do PSOL São José. Willian Luiz da Conceição – Militante do PSOL de Joinville.

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